Sinal da cruzEspio céu noturno,
Belezas cúbicas
Interpretadas pelo antepassado...
Hipotenusas, medusas, braços de estrelas.
Tudo solto, livre e estático!
À noite redondo olho na testa do céu
Unicórnio para invocações
Releituras e exercícios
Dos medievais espíritos
Ainda tem magias,
Crença de noivas
E fé da terra.
São Jorge lá!
Cá: dragões que já não cospem fogo...
Mesmo assim perambulam
Arrastando o peso dos perigos.
Procuro no peixe seu olhar!
Esféricos olhos mergulhados em mistérios
Luas cristalinas
Cheias d’água
Bolhas densas
Na cabeça cravejada de lascas de ouro
Atravessam, cortam o escuro.
Meus olhos não vêem!!
Somente o peixe me vê
Estimula utopias
Comunidade vivente em castelos
Grutas santas
Onde certamente adoram seu rei.
Curioso olhar
Nos entre meios verdes
Procura pelos olhos do mato...
Olhos soltos passeiam,
Perambulando cenário,
Poderosos espiam minha meditação
Assistem silenciosa comunhão
Refletida n’água dos peixes
Olho bugresia,
Canta o bambuzal
Lamúrias no entardecer do pensamento
Credo de secretas gargantas
Encontradas pelo vento
Momentos roubados pelo córrego
Desejos levados pela lua
Passeiam durante a noite
Para colorir o amanhã...
Braços abertos: longos...
Mãos que alcançam leste e oeste
Oeste a leste
Frente ao norte e verso ao sul
Trocam-se, invertem-se tipo brisa.
Giros para encontrar ângulos
Rosa do vento, nuvens azuis e partes lunares;
No vermelho coração de bugra
Vejo brancura...
Começantes desejos
Insaciável e ansiosa alma
Parindo flores, idéias, atitudes.
Cheia de casos amorosos
Passarinhos amados,
Aromas infiltrados no cérebro
E cores cortinando’s olhos...
Rastro no campo da vida
Segue trilha do sangue
Goteja em prazeres
Pincela destinos alheios
Bugra branca
Disfarça suas garras felinas
Planta o coração na floresta
Para pulsar em ritmo matuto
No camarote de barro
Desfila o futuro
Chega vestido de passado
Ri tua ao som do bambuzal,
Sacis e cigarras
Velhas árvores fazendo contação de segredos
Agregam sabedoria de raízes
Processo de crescimento equilibrado
Para cima e para baixo
Na terra olhos estirados
Espionam orvalho,
Estrume,
Alegria andante das formigas
Na realidade do Saci Pererê,
Assobios trinam quietude
Sedução noturnamente matuta
Desfila em passarela penumbrada
Dos cristais celestialmente azuis.
Olhos fechados espionam
- frenesi da alma poética -
Branca, sempre virgem.
Imaculada carente
Desejos ardentes
Buscando ser pedra,
Dormir ao relento
Na terra de emas e seriemas;
Sonho de poeta
Quer mais que ossos e pele
Visa mutações,
Sangue verde florestal
Seiva de planta rasgando a terra,
Natalina flor de guavira;
Visa prazeres de bicho de asa,
Penas, pelo ou couro.
Deseja deter a fidelidade canina,
O simples da felicidade por ter um dono
-somente um dono-
Almeja sossego maternal
De cadelas paridas
Serve colostro em devassados mamilos
Guarda bens preciosos,
Território de particular jardim
Cala-se para contemplar estrada vazia
Velho espelho
Preso em meus dedos
Mostra o mel dos olhos
Lâmina refletora foca história
Sobrancelha desenhada com maestria
De longiquoa vaidade.
Pés sustentam segredos
Escondem tatuagens
Estigmas de luas cheias
Aprisionadas em trilhas sentimentais
Piro grafadas em torno dos olhos
Construiu cofre de preservação
Disfarce na teia facial.
Dores escondidas
Em roxas olheiras
Tingem a meninice do olhar.
Restos marcos
De antigas poesias
Feitas em jardins floridos.
Nos vitrais do córrego
Controladas pelo vento
Abrem-se passagens para luas e sois.
Tavessia de cheiros
Que perfumam pensamentos,
Segredos viajeiros
Folhagens verdes
Liberam borboletas
Leves libélulas
Para amansar saudades,
Libertar poemas e canções.
Brilhante olho
No rosto redondo do céu
Sempre aberto para o vento azul
Equilibra visões entre noite e dia
Olha o mundo,
Aves, águas, árvores;
O dia tem um olhar inverso
Nunca é olhado;
Agressivo olho que somente olha
Ofusca olhos que ousam
Descobrir sua íris multicor;
Existe para o exercício da ótica
Que observa entorno
Parâmetros externos
Exigência de concentração dispersa...
Mundo viral gira
Animais e plantas
Cores distribuídas na pele da terra
Vistas através do sol
Proporções carnais nas cavidades
Bolitas em meu rosto
Enxergam induzidas conquistas
Sedutora parceria que abre cílios.
Quando o céu azula a testa
Quer olhar profundeza
Há troca de olhares
O interno suplica atenção
Em corujas nas trilhas de terra
Matutando a existência das esquinas
Olhar compenetrado é feito de lua
É feitiço devassador de mistérios
Escondidos no breu celeste
Deitada em travesseiro de nuvens
Visão de silêncio, de vento.
Valores cobertos de razões
Cantam para abertura de meus olhos
Há olhos
Por traz das pálpebras fechadas
Somente os excepcionais se abrem
Íris são lentes de elevado grau
Alcançam horizonte
Secreto mundo interno
Onde o sangue bomba
Mina, jorra e goteja
Vãos de perfeitos ângulos
Devassam mundo de mandioca,
Tereré, água da fonte.
Erva-mata-sede.
Janelas escancaradas
No rosto sempre jovem
Cravado no corpo
Do Bugre da Conceição;
Espio buraco de fechaduras imaginárias
Muitas portas passageiras
Vãos de vai-e-vem
Entra-e-sai
De ermitões urbanos.
Cenas balançam em realidade
Contação de gente
Ninguém se enxerga,
Nem mesmo ao outro se vê...
Desfila moda de vestuário,
Moda sem definição instrumental,
Aromas industrializados
E prosa sem tema...
Revoa fumaça de cigarro e gelo humano
Temperos de solitários corações
Fingidores de vermelho...
Espio lavanderias
Montanhas de roupas suadas
Abraçadas umas às outras
Unificam seus destinos
Misto cheiro de passado,
Flores e chulé
Mergulham no azul da água
Para programada dança
Ao som de motor e canto da lavadeira
Sessão de exorcismo
Na arena d’água
Mangas sem braços chicoteiam
Dissecam o sujo do limpo
Coices de pernas de pano
Separam o bem do mal.
O céu entardecido
Exibe medalha de ouro
Redondamente amarela
Fumega em seu torno
Vermelho calor colhido no campo
Nas estradas de terra
Nas pastagens sem árvores.
Histórias diurnas
Engordam o sol
Robusto alimento
Para cair na boca da noite
Sanguinárias histórias
Acontecidas após meio-dia;
Cerrado sem chuva
Morte de passarinho
Não vejo funeral!
Queima pés de peões
Atiça sede do cavalo
E engrossa a fila do gado
Em passos lentos até a aguada
Sucuri também caça
Longe das tocas
Dos barrancos secos
Rasteja até os terreiros
Dos ranchos com galinheiros
Fome traz coragem,
Disposição para ir ao longe
Em busca de alimento para a carne
Assisto aos poetas
suas paixões
Abismos de prazeres
Venerada rotina
Repetições de lua cheia
Todo mês:
releitura de mistérios,
Todo dia: reina o sol
ciclo amadamente esperado
Ritos de dores
Convulsões alfabéticas
Para compor infinito de rimas
Combinações de flores e frutas
Tipo perfumes exóticos
Feitos de purezas simples
Sorrisos, verdades,
experiências caseiras.
Os olhos param,
Tudo pára diante de um pé de Pára Tudo
Estradas retas, sinuosas e desertas.
Recebem flores amarelas
Buquês de sol
Para clarear lembranças primaveris
Flor da Embiruçu
explosão de tronco tatuado de musgos
Desgalha robustos ramos
Revoluciona convenções florais
Para saciamento dos beija-flores.
Casulo fada descerra liberdade,
Aberto cálice jorra cristal,
Múltiplas varas de condões
Encantamento de encontro
Lambeção de vento
Nos canutilhos de verdades matutas
Brancura da embiruçu
É chuva de pistilos
Celestialmente azuis
Envolta de cordão umbilical
Despojada fita de fibra
Retorcida para o enlace de longos desejos
Múltiplos estames
Tochas de artifícios
Colhidas pelo sol.
Velha árvore
Veste couro de serpente
Na enrugada pele
Estriada pelo sol.
Garras maleáveis
Escalam rugosas pernas
Sobem para a vida
Refúgio na mata
Busca de sol
Montaria de plantinhas
Para florescência de cores
Furtadas dos passarinhos.
Dentro de cada orquídea florida
Duende acordado
Bebe sereno
Toma banho de lua
Lava a alma da flor
Os olhos perfumados
Brancos lisos escondidos
Cheios de feitiço
Encantam a quem olhar
Prendem suspiros para
Soltar nas noites
Silenciosamente
A flor mente
Ser vegetal
Esconde espírito
Num eixo interno
Manteado de pétalas
Levemente a farfalhar
No campo
Olhos passeiam
Em repetitiva história
Do estático velho coqueiro...
...Não resistiu à bela da noite
sustentado por terra
cresceu inclinado
reverenciando paixão
Morrerá retorcido
No desejo enrustido
Tentando abraçar
O entardecimento do leste
Para beijar o inexistente lábio da lua
Roxo
Oculta sangue seco
Roubado da artéria do rio
Quando’ inda era fresco e azul.
No dorso da árvore
orquídea aberta
imita borboleta
Desabrocha arco-íris
Explosões de lábios
Coloridos e carnudos
Sorrisos abertos
Aos primeiros raios solares;
Ecoam gargalhadas.
Olhares passeiam em noturnidade
Mitológica cabeça redonda,
plumas sobre duas garras
estacionadas na terra.
Ambos rubis
Passeiam na cruz cardeal;
Movimentos circulares
Alcançarão o fim da noite!
Em banho de lua
Resta perfume de sereno...
Grama fresca
Até o nascer do sol.
Sondando curva do córrego
Enrosco-me;
Presa nos cipós
Pendurados nos sonhos
Das árvores ciliares
Danço quimeras
À cantoria de passarinhos.
Areia acorda pele,
Desperta ouvidos e olhos.
serpente vestida de água,
Sinuosa desliza
Monto mosaico de mistérios
A incognitude após o barranco.
Corpo preso
Passeia o coração,
Água leva pensamento,
Lava alma,
Destrava algemas.
Olhos choram,
Guaraneamente choram,
na beira do brejo
beiro barro
terra molhada
mista de sereno e lágrima;
noite vestida de branco,
prepara noivas,
devaneios femininos
criação de texturas e perfumes;
sola o silêncio campestre
canta o vento,
seresta requintada
folhagens e grilos.
Para matutino olhar,
Mamoeiro floresce,
Manhã ensolara largos leques;
Verde, azul, outras cores!
aeroplano de penas
-Furtando mel!
Beija-flor
Vive a beijar,
Vôo nos revôos
Pétalas brancas
Flores beijadas
Bela coreografia
Exposta em cordão ao vento
varal pendura pensamentos,
Partes celestes,
Pedaços de saudade
Entrecortada pelo vento.
Ombros de madeira
Vestem histórias;
Recentes passados
Perduram nos rebas broches
Presos ao cós da calça
Desvestida da elegância muscular.
Camisas acenam
Mangas maleáveis
Pactuando brevidade
Reencontro carnal.
Evasão de lembranças,
Livro aberto,
Ao leo
Coloridos capítulos devassados pelo sol.
Flor de amor
Rosada pele de cetim,
Mundo azul
Nos olhos da menina
Branca Beatriz
Cheia de louro
Laços de ouro,
Tenra vida
Plenitude histórica.
Netos são mimos
Criam novos tempos,
Comemorativos dias d’avó
Presentes que consagram,
Sagram e abençoam velhas mães.
Em noite enluarada,
Olhos encantados
Embebidos em feitiço
De clarezas noturnas
Lua flutua
Nos parênteses celestes
Cheios de reticências.
Tímidos desejos incubados
Escondidos sob brancos véus.
Harpas douradas solam
Finas fragâncias
Encorpando vermelho
De rosas e sementes sertanejas.
Promessas na fronteira
Unem coração,
Olhar e demais sensores.
Prevejo desenvolvimento
Saudando mina d’agua
Onde nasce
Peregrino destino.
não sucumbirá!
Nascente implacável
pequena de gigante querer
-Deseja eternidade.
Forma alianças
Encontros fortalecedores
Insaciável procura distante futuro
Em longos caminhos
Profundos mistérios,
Rasas surpresas.
Água serpenteia
Até o mar.
Transe de olhações
Deixa poeira para trás
Devolve-a para a estrada
Nuvens de terra
coroam passado!
Passeantes olhos
Por entre vãos florestais
Assuntam misterioso enrosco
Palmeiras entre laçadas
Na imponência de velhas árvores.
Coqueiros semeados por pássaros
Vôos pausados nos altos galhos
De importâncias figueirenses.
curioso cérebro
Contorna suculências matutas
Falsa placidez aquática
Rodeada de frondosidade animalesca.
Casuais borboletas proporcionam leveza
Complementada por libélulas, abelhas
Delicadas flores e verdejante aroma;
Avisto lua cheia
Horizonte camponês
Noite aberta
Liberdade é branca
Claro infinito
Para eu tingi-lo ao meu gosto
Abanco em pedras
Abrilhantadas por luminosidade lunática
Ponto de luz
Globalização celeste
Cristais soltos
Informatizantes d’oeste
Formatam poemas.
Pescadora no barranco do rio
É minhoca
Se deliciando
Na textura da argila
O chuá das águas
Eleva as emoções
E a pescadora pesca
A cantoria das aves
Os harmônicos rumores
Dos bichos ocultos
Por trás das matas
Que escondem o rio
Pesca imagens nos desenhos
das nuvens brancas,
das róseas,
das azuis.
Pesca a paz do azul celeste
A esperança do verde vegetal
A alegria do colorido da flora
A pescaria é realizada
Na pausa meditativa
que acontece no barranco fresco
Que sussurra vida.
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